A luxação de patela, seja ela medial ou lateral, é um sinal clínico de que a articulação do joelho está fora de harmonia. Ou seja, os componentes que regem as forças atuantes no membro pélvico podem estar alterados. A maioria dos pacientes quando chega ao ortopedista já tem a doença articular degenerativa instalada junto com a luxação. Porque a luxação traz um desconforto no início da doença, e isto faz com que a maioria dos clínicos negligencie a presença do problema. Por isso a luxação de patela deve ser corrigida o mais brevemente possível para evitar dados irreversíveis futuros a articulação e a qualidade de vida dos pacientes.
Etiologia:
As principais teorias sobre luxação de patela fazem alusão ao componente genético, pois a grande maioria dos indivíduos de raças como Yorkshire, Maltês e Pinscher por exemplo, apresentam luxação medial de patela. Mas percebeu-se outros componentes mecânicos como a anteversão da cabeça e colo femoral, desvios angulares e torcionais. Além disto a forma como estes cães estão sendo criados potencializou o aumento da morbidade, fatores como a esterilização precoce, ambientes com piso liso, acesso a escadas e móveis tem sido relatados de forma frequente durante a anamnese dos pacientes acometidos.
Mas conforme o assunto foi abordado em pesquisas e algumas tecnologias como a tomografia se tornaram disponíveis, vários fatores começaram a ser correlacionados a esta condição ortopédica
Luxação e sua classificação:
O termo luxação é aplicada a uma articulação quando seus componentes literalmente, saem do lugar, no caso da patela, ela sai da tróclea, ultrapassando a barreira imposta pelas rimas. Passando a deslisar fora da superfície articular ocasionando atrito e reação inflamatória conhecida como artrose.
A luxação pode ser medial, quando a patela é deslocada para face interna do membro e lateral quando o deslocamento ocorre para a lateral. Luxações mediais são mais comuns em cães de pequeno porte, assim como a luxação lateral é mais comum em cães de grande porte.
Há duas classificações que estabelecem graus ou tipos de luxação para patela. Uma delas classifica em ângulos, o que a torna mais complexa e menos pratica, e a outra que classifica em graus, amplamente utilizada e muito mais simples para entendimento e aplicação. Luxações de grau 1, nem são consideradas, pois o que ocorre é uma lascividade ou frouxidão nos componentes articulares, mas a patela não chega a sair completamente da tróclea. A partir do grau 2 a patela sofre luxação efetiva, sendo que neste grau, a patela sai, porem retorna facilmente. Já no grau 3 a patela fica a maior parte do tempo luxada, mas ainda é possível reduzir a luxação manualmente, porém, com muita facilidade ela torna a luxar. E na luxação grau 4 a patela encontra-se permanentemente luxada não sendo mais possível a redução, devido a inúmeros fatores que serão abordados neste artigo.
Quais as técnicas mais utilizadas:
A redução da luxação de patela é baseada na neutralização das forças que mantem a patela luxada, ou seja, para escolher o que pode e deve ser feito, se faz necessário um amplo conhecimento ortopédico, o diagnóstico das causas da luxação, planejamento adequado e equipamentos adequados para cada etapa da correção.
- A transposição da tuberosidade da tíbia pode ser utilizada para deslocar o tendão patelar na direção contrária a da luxação, para isto utilizamos a técnica tradicional ou a técnica com maior controle sobre a distância exata através da técnica 4t e do dispositivo da Lincevet. Existe uma variante desta técnica que se chama slide do fragmento proximal, que é feito durante a cirurgia de TPLO, neste caso associado ao tratamento da ruptura de ligamento cruzado cranial, também conhecida como TPLO M (modificada).
- A desmotomia do ligamento patelo femoral do lado para o qual a luxação ocorre tem por objetivo liberar a patela para voltar a sua posição normal.
- Liberação do retináculo se aplica em conjunto da desmotomia para “soltar” a patela liberando os tecidos contraturados e atrofiados.
- Embricamento da capsula articular, é utilizada para ajustar o excesso de capsula articular que foi esgarçando ao longo dos anos em que a luxação este presente, a forma mais adequada de realizar é a sutura em padrão “jaquetão”, ou seja ocorre uma sobreposição das bordas gerando uma diminuição do excesso de capsula para assegurar o reposicionamento da patela em seu leito.
- Trocleoplastia como o termo sugere, é a correção da profundidade da tróclea que em muitos casos está muito rasa ou inexistente. A profundidade da tróclea é fundamental para que mantenha as rimas altas o suficiente para impedir que ela ultrapasse o leito e luxe. A trocleoplastia pode ser executada no padrão “V”, em “Bloco” ou em padrão de “Escudo” independente da forma escolhida pelo cirurgião a Lincevet tem a “caixa para trocleoplastia com todos os instrumentos necessários para sua execução.
- Prótese de tróclea, para casos extremos ondem anatomicamente não existe tróclea, ou a superfície articular nã conta mais com cartilagem hialina ou mesmo fibrótica e há exposição de osso subcondral, a única solução é utilizar a PTL da Lincevet para substituir a tróclea pela prótese que conta com aplicação de DLC (Diamond Like Carbon) cujo coeficiente de atrito proporciona que mesmo patelas sem cobertura de cartilagem deslisem sem atrito mantendo a funcionalidade articular.
- DFO, osteotomia distal de fêmur pode ser necessária no caso de deformidades valgo ou varo na porção distal do fêmur. Para esta tomada de decisão se faz necessária tomografia do membro pélvico inteiro, pois em alguns casos a deformidade em fêmur distal sobre a compensação por parte da tíbia proximal.
- PTO, osteotomia proximal de tíbia, utilizada para correção de deformidades em tiba proximal, já há trabalhos propondo ostectomias em cunha na realização da TPLO para correção deste tipo de desvio angular tanto par PTO E DFO é necessário utilizar o JIG da Lincevet para realizar as ostectomias e manter o posicionamento correto para posterior fixação dos fragmentos.
Planejamento cirúrgico:
Hoje contamos com recurso valioso como a tomografia, que nos permite perceber e medir ângulos, dimensões e avaliar alterações como artroses.
No passado o ortopedista praticamente não utilizava nem a radiografia em dupla exposição para realizar a cirurgia, tratava todos os casos da mesma forma. Hoje com a possibilidade de tomografia, o planejamento ficou muito técnico e preciso, calculando em graus com cortes em cunha de milímetros.
Para correção de luxação de patela para graus 3 e 4 a tomografia é mandatória. Porém, mesmo no grau 2 a segurança da tomografia evita recidivas futuras, evitando que o planejamento negligencie elementos que devem ser neutralizados.
Cirurgias de correção:
Como explanamos neste artigo, a luxação de patela é um sinal clínico, que para correção adequada deve haver um planejamento perfeito. Pois são necessárias inúmeras manobras e técnicas cirúrgicas para realizar a cirurgia com segurança. E frequentemente, a luxação de patela está associada a outras afecções como ruptura de ligamento cruzado cranial, oesteortrose.
Os preceitos cirúrgicos e em especial o cuidado com assepsia e antissepsia são fundamentais para garantir bons resultados.
Cuidados no Pós operatório:
Dentre os cuidados de pós operatório mais relevantes são o controle inflamatório nos primeiros dias com medicações adequadas para controle inflamatório, analgésicos e antibióticos profiláticos. Curativos diários e evitar que o paciente acesse a ferida cirúrgica para evitar deiscência de sutura e infecções oportunistas.
Extremamente importante é a reabilitação do paciente, para isto a recomendação é sempre utilizar a fisioterapia como tratamento coadjuvante aos procedimentos ortopédicos, a premissa é retorno a função e a carga já no mesmo dia ou dia seguinte da cirurgia.
Conclusões:
As luxações de patela são uma condição comum em cães que requerem atenção veterinária precoce. O tratamento cirúrgico, quando indicado, pode proporcionar uma recuperação satisfatória e melhorar a qualidade de vida do animal. É fundamental para um ortopedista veterinário avaliar, diagnosticar e tratar corretamente as causas e fatores que influenciam e mantem a luxação de patela ativa, garantindo um melhor resultado clínico, funcional e evitando recidivas.
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